PALADINO
DA JUSTIÇA
A atividade jornalística é
essencial para a manutenção do moderno estado de direito. Entretanto, pelo
potencial formador de opinião deve ser exercida com critérios e cuidados. Deve
ser livre, mas, em nome da liberdade não se pode atropelar os direitos dos
outros.
O bom jornalista, antes de
tudo, deve ser bem informado, bom pesquisador, procurar a verdade bem além das circunstâncias
e aparências. Bem, isso todo mundo já sabe!
Digo isso, porque tenho
ouvido todas as manhãs o radialista J
Junior da rádio Diário FM bradar, qual paladino da justiça, pedindo a cabeça
daquele sargento que, em tese, abusou sexualmente
do próprio filho. Entendo a revolta do nobre radialista, ele não é o único
revoltado com o absurdo do caso, porém não podemos deixar que essa revolta nos
tire a civilidade e nos atire na barbárie da vingança privada pré Tarquínio o
Soberbo!!
Fala o desinformado
radialista que o Senhor Governador nada faz, pois ele manda na Polícia Militar e
ainda não expulsou o policial; que o Senhor Comandante da PM-AP não vai ao seu
programa dar-lhe satisfações; que o advogado pediu a sua liberdade; que já se
passaram duas semanas dos acontecimentos e o militar ainda não foi expulso; que
não vai direto para a penitenciária porque é policial e do quadro federal e,
finalmente a mais escabrosa, que deveria ser mandado para o IAPEN e colocado na
mesma cela do “pé-de-mesa”
Primeiramente o desinformado
radialista, para tornar-se verdadeiramente um jornalista ainda tem um longo caminho a
percorrer, faz uma verdadeira salada no que tange aos poderes independentes e
harmônicos entre si, quer que tanto o Senhor Governador quanto o Senhor
Comandante da PM-AP ajam como juízes, o que não lhes é pertinente. O Senhor Comandante
da PM-AP está cargo no para resolver
esse tipo de problema, mas deve fazê-lo sob a égide da lei e não com base em
emoções e interesses pessoais.
O militar em questão, meu
caro radialista, não foi preso em flagrante. Sua detenção nas dependências da
PM-AP é de cunho meramente disciplinar. Enquanto isso se desenrola o competente
Processo Administrativo Disciplinar, cuja comissão encarregada das apurações tem
30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias para ultimar os trabalhos, no qual, ao
final, será julgado por seus pares com direito a ampla defesa. Ao mesmo tempo a
nível de Polícia Civil, se desenrola o Inquérito policial que, após concluído,
será enviado ao Judiciário onde se transformará em processo sem o qual o
magistrado não pode proferir sentença de qualquer natureza.
Quanto ao fato do advogado
do militar pedir sua liberdade provisória, é direito constitucional das parte
fazê-lo, entretanto o magistrado só a concederá após detido exame do Conjunto fático.
Meu caro paladino você não
tem o poderes para intimar quem quer que seja, muito menos as autoridades públicas
para comparecer e seu programa e lhe dar satisfações, mesmo porque o seu programa
não é tribunal popular e, também, os mesmo tem suas obrigações institucionais.
Esse tipo de comentário de
que o militar em apreço deveria ser colocado junto com o “pé-de-mesa” é desnecessária e de comprovado mau gosto. Qualquer inteligência
mediana entende o que você está querendo dizer. Isso caro radialista é apologia
a crime. Aos condenados por delito dessa natureza o magistrado não prescreve na
sentença a restrição de sua liberdade e como pena acessória que seja violentado
na casa prisional. Não se esqueça que os presos ouvem rádio e você é, bem ou
mal, um formador de opinião.
Finalmente, nobre
radialista, lembre-se que como formador de opinião você está instigando pessoas
simples do povo, muitas delas incultas e sedentas de justiça contra esse
militar, que sequer foi julgado. Como prova disso na manhã do dia 07/12 um de
seus ouvintes, possivelmente um caseiro, ligou após o seu comentário de que o
advogado havia pedido a liberdade provisória, dizendo que se o militar fosse
solto estaria lhe esperando com uma calibre 20.
Você tem noção do que está
fazendo? Espero que não!!! Atenha-se, então, ao princípio máximo de seu ofício
que é informar sempre com imparcialidade. Dê a noticia sem esquecer que a
opinião emitida está sujeita a apreciação sob a luz da lei. E, principalmente,
não conspurque esse ofício que é belo em sim mesmo. O último paladino que
tivemos foi o caçador de marajás e deu no que deu. Portanto, não esqueça!!!
By Douglas Martínez.
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