sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PALADINO DA JUSTIÇA



PALADINO DA JUSTIÇA

A atividade jornalística é essencial para a manutenção do moderno estado de direito. Entretanto, pelo potencial formador de opinião deve ser exercida com critérios e cuidados. Deve ser livre, mas, em nome da liberdade não se pode atropelar os direitos dos outros.

O bom jornalista, antes de tudo, deve ser bem informado, bom pesquisador, procurar a verdade bem além das circunstâncias e aparências. Bem, isso todo mundo já sabe!

Digo isso, porque tenho ouvido todas as manhãs o  radialista J Junior da rádio Diário FM bradar, qual paladino da justiça, pedindo a cabeça daquele sargento que, em tese, abusou sexualmente do próprio filho. Entendo a revolta do nobre radialista, ele não é o único revoltado com o absurdo do caso, porém não podemos deixar que essa revolta nos tire a civilidade e nos atire na barbárie da vingança privada pré Tarquínio o Soberbo!!

Fala o desinformado radialista que o Senhor Governador nada faz, pois ele manda na Polícia Militar e ainda não expulsou o policial; que o Senhor Comandante da PM-AP não vai ao seu programa dar-lhe satisfações; que o advogado pediu a sua liberdade; que já se passaram duas semanas dos acontecimentos e o militar ainda não foi expulso; que não vai direto para a penitenciária porque é policial e do quadro federal e, finalmente a mais escabrosa, que deveria ser mandado para o IAPEN e colocado na mesma cela do “pé-de-mesa”

Primeiramente o desinformado radialista, para tornar-se verdadeiramente um  jornalista ainda tem um longo caminho a percorrer, faz uma verdadeira salada no que tange aos poderes independentes e harmônicos entre si, quer que tanto o Senhor Governador quanto o Senhor Comandante da PM-AP ajam como juízes, o que não lhes é pertinente. O Senhor Comandante da PM-AP  está cargo no para resolver esse tipo de problema, mas deve fazê-lo sob a égide da lei e não com base em emoções e interesses  pessoais.

O militar em questão, meu caro radialista, não foi preso em flagrante. Sua detenção nas dependências da PM-AP é de cunho meramente disciplinar. Enquanto isso se desenrola o competente Processo Administrativo Disciplinar, cuja comissão encarregada das apurações tem 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias para ultimar os trabalhos, no qual, ao final, será julgado por seus pares com direito a ampla defesa. Ao mesmo tempo a nível de Polícia Civil, se desenrola o Inquérito policial que, após concluído, será enviado ao Judiciário onde se transformará em processo sem o qual o magistrado não pode proferir sentença de qualquer natureza.

Quanto ao fato do advogado do militar pedir sua liberdade provisória, é direito constitucional das parte fazê-lo, entretanto o magistrado só a concederá após detido exame do Conjunto fático.

Meu caro paladino você não tem o poderes para intimar quem quer que seja, muito menos as autoridades públicas para comparecer e seu programa e lhe dar satisfações, mesmo porque o seu programa não é tribunal popular e, também, os mesmo tem suas obrigações institucionais.

Esse tipo de comentário de que o militar em apreço deveria ser colocado junto com o “pé-de-mesa” é desnecessária e de comprovado mau gosto. Qualquer inteligência mediana entende o que você está querendo dizer. Isso caro radialista é apologia a crime. Aos condenados por delito dessa natureza o magistrado não prescreve na sentença a restrição de sua liberdade e como pena acessória que seja violentado na casa prisional. Não se esqueça que os presos ouvem rádio e você é, bem ou mal, um formador de opinião. 

Finalmente, nobre radialista, lembre-se que como formador de opinião você está instigando pessoas simples do povo, muitas delas incultas e sedentas de justiça contra esse militar, que sequer foi julgado. Como prova disso na manhã do dia 07/12 um de seus ouvintes, possivelmente um caseiro, ligou após o seu comentário de que o advogado havia pedido a liberdade provisória, dizendo que se o militar fosse solto estaria lhe esperando com uma calibre 20. 

Você tem noção do que está fazendo? Espero que não!!! Atenha-se, então, ao princípio máximo de seu ofício que é informar sempre com imparcialidade. Dê a noticia sem esquecer que a opinião emitida está sujeita a apreciação sob a luz da lei. E, principalmente, não conspurque esse ofício que é belo em sim mesmo. O último paladino que tivemos foi o caçador de marajás e deu no que deu. Portanto, não esqueça!!!
By Douglas Martínez.

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