domingo, 9 de dezembro de 2012

O SACO DE PENAS



O SACO DE PENAS

No início da década de 90, a Rede Globo de Televisão noticiou em seus três jornais diários de forma virulenta e letal, como o faz sempre que tem uma notícia em que possa explorar de forma irresponsável a paixão popular, acerca de uma escola de propriedade de um casal de cidadãos nipo-brasileiros, onde,  em tese, se praticara o crime de pedofilia.

Foram tantas as notas veiculadas insistentemente que, dias depois do início das veiculações, o populacho ensandecido invadiu a escola, depredou-a e só não linchou os proprietários porque estes conseguiram escapar com algumas escoriações.

Pouco tempo depois, terminadas as investigações, o inquérito policial concluiu com riqueza de provas que tudo não passara de um infeliz engano causado pelo julgamento açodado de algum irresponsável que disseminou a notícia.

A Rede Globo de Televisão noticiou o fato com uma simples nota que nem de longe se comparara com estardalhaço que fizera quando noticiara o suposto envolvimento daqueles infelizes cidadãos, bem aquém do que prescreve a lei na  qual a retratação deve ser feita na justa proporção, atentando-se para os moldes e tempo da nota causadora do gravame. 

Bem! Quanto ao casal de cidadãos, perderam tudo o que tinham e por volta de 2005, a esposa ainda esperava receber a justa indenização por danos morais oriundos do caso em comento, pois o marido falecera naquele ano vitimado pelas seqüelas advindas dos maus tratos que sofrera. Da Vergonha causada pela humilhação pública. Da tristeza resultante da perda injusta e criminosa de seus bens, frutos do trabalho duro e honesto.

Esse fato em si, nos autoriza a reportar-nos a uma fábula bastante interessante: 

Certa vez um homem maledicente insatisfeito por não obter os favores de uma honesta dama, passou a difamá-la pelo povoado e adjacências. Quando a viu publicamente execrada em razão de seus aleives, arrependido buscou o pároco da aldeia para confessar o seu mal feito, de quem recebeu a penitência de, após alguns padres nossos, subir ao campanário da igreja e de lá atirar um saco de penas ao vento. Feito isso voltou ao pároco e ao dar-lhe conta do pagamento da penitência, dele recebeu a nova empreitada de catar todas as penas espalhadas pelo vento. O maledicente disse ser isso uma loucura injusta, pois não tinha como fazê-lo, ao que o pároco respondeu que da mesma maneira a honrada dama não tinha como desfazer os efeitos da sua irresponsável conduta.” 

Isso é para você, meu caro jornalista J Junior, é perigoso incitar o povo, pois o tribunal popular é parcial e injusto, vez que movido sempre pelas mais baixas paixões fundadas no “ouvi dizer”. Não se esqueça disso!!!
By Douglas Martínez

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