O
SACO DE PENAS
No início da década de 90, a
Rede Globo de Televisão noticiou em seus três jornais diários de forma
virulenta e letal, como o faz sempre que tem uma notícia em que possa explorar
de forma irresponsável a paixão popular, acerca de uma escola de propriedade de
um casal de cidadãos nipo-brasileiros, onde, em tese, se praticara o crime de pedofilia.
Foram tantas as notas veiculadas
insistentemente que, dias depois do início das veiculações, o populacho
ensandecido invadiu a escola, depredou-a e só não linchou os proprietários porque
estes conseguiram escapar com algumas escoriações.
Pouco tempo depois,
terminadas as investigações, o inquérito policial concluiu com riqueza de
provas que tudo não passara de um infeliz engano causado pelo julgamento
açodado de algum irresponsável que disseminou a notícia.
A Rede Globo de Televisão
noticiou o fato com uma simples nota que nem de longe se comparara com
estardalhaço que fizera quando noticiara o suposto envolvimento daqueles
infelizes cidadãos, bem aquém do que prescreve a lei na qual a retratação deve ser feita na justa
proporção, atentando-se para os moldes e tempo da nota causadora do gravame.
Bem! Quanto ao casal de
cidadãos, perderam tudo o que tinham e por volta de 2005, a esposa ainda
esperava receber a justa indenização por danos morais oriundos do caso em
comento, pois o marido falecera naquele ano vitimado pelas seqüelas advindas
dos maus tratos que sofrera. Da Vergonha causada pela humilhação pública. Da
tristeza resultante da perda injusta e criminosa de seus bens, frutos do
trabalho duro e honesto.
Esse fato em si, nos
autoriza a reportar-nos a uma fábula bastante interessante:
“Certa vez um homem maledicente insatisfeito por não obter os favores de
uma honesta dama, passou a difamá-la pelo povoado e adjacências. Quando a viu
publicamente execrada em razão de seus aleives, arrependido buscou o pároco da
aldeia para confessar o seu mal feito, de quem recebeu a penitência de, após alguns
padres nossos, subir ao campanário da igreja e de lá atirar um saco de penas ao
vento. Feito isso voltou ao pároco e ao dar-lhe conta do pagamento da
penitência, dele recebeu a nova empreitada de catar todas as penas espalhadas
pelo vento. O maledicente disse ser isso uma loucura injusta, pois não tinha
como fazê-lo, ao que o pároco respondeu que da mesma maneira a honrada dama não
tinha como desfazer os efeitos da sua irresponsável conduta.”
Isso é para você, meu caro
jornalista J Junior, é perigoso incitar o povo, pois o tribunal popular é
parcial e injusto, vez que movido sempre pelas mais baixas paixões fundadas no “ouvi dizer”. Não se esqueça disso!!!
By Douglas Martínez
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