quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

NEM CÉU, NEM INFERNO!

NEM CÉU, NEM INFERNO!


Certa noite sem nada para fazer, escutava um programa em uma rádio evangélica local. No qual o pastor, como se Deus fosse surdo e os ouvintes também, bradava a plenos pulmões contra, de acordo com o mesmo, alguns programas evangélicos que transmitem mensagens de ouvintes, também evangélicos é claro, procurando relacionamento com evangélicas de  14 a 25 anos. Até aí nada de anormal. 

Porém, dizia o pastor que isso caracteriza crime de pedofilia, acusando o Ministério Público de inércia. Acrescentando, ainda, que  essa porcaria de namoro não está na bíblia”, que se tratava apenas de  prostituição da mais comum??? E existe outro tipo? E que, se era prostituição que procuravam, não era preciso ir muito longe, pois a internet  estava bem aí à disposição de todo mundo.

Ora o desinformado e preconceituoso pastor ofende toda a sociedade mundial, que sempre viu na corte, no namoro casto, desde que com critérios determinados por cada grupo social, um meio lícito e recomendável de aproximação e conhecimento de caracteres pessoais dos potenciais nubentes. Ademais, a quase totalidade da população do planeta utiliza a internet para vários e benéficos fins. Ninguém pode negar as mudanças positivas que a internet  trouxe para a civilização moderna como eficaz instrumento de comunicação e de difusão de informações, cultura e lazer. 

Entretanto, se algumas pessoas, minoria numericamente desprezível, resolve se utilizar da internet para fins outros que não os recomendáveis, isso não autoriza ninguém a atacar-lhe exigindo qualquer tipo de retaliação. Se assim fosse, uma inocente  faca de cozinha, onipresente em todos os lares do mundo, instrumento indispensável nas mãos das pacíficas donas de casa para o preparo de nossos repastos, deveria ser banida de nossas casas somente porque um malfeitor resolveu utilizá-la para um fim outro, além daquele para o qual foi concebida. 

Essa espécie de direcionamento fundamentalista do credo, não importa qual seja a denominação, tem que sempre ser visto com muita cautela, pois temos relatos de experiências desastrosas recentes. Não devemos esquecer o caso do Pastor Jim Jones da República da Guiana; do caso daquela comunidade evangélica comandada pelo pastor David Koresh, dentre outros que terminaram em episódios de suicídio coletivo e outros tipos de violência e intolerância. 

As pessoas pensam, equivocadamente, que as trevas do fanatismo religioso medieval ficaram no passado, circunscritas aos livros de história. Ledo engano, estão mais perto do que se imagina. Estão dentro do coração do homem, e vem à tona sempre que um líder religioso apaga a luz do racionalismo que deve nortear os rumos de seu rebanho e o incita a adotar comportamento intolerante com as diferenças de qualquer natureza. A dividir a humanidade entre salvos e perdidos, puros e pervertidos, crentes e não crentes. Isso é assustadoramente perigoso.
By Douglas Martínez

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